A dúvida de quando é necessário procurar um psiquiatra é algo que inquieta tanto os pacientes, quanto diversos profissionais da área da saúde. É fato que nem todo sintoma, desconforto ou, até mesmo, transtorno mental necessitam acompanhamento da psiquiatria clínica. As variadas abordagens psicoterápicas, assim como outras modalidades terapêuticas, podem ser eficientes para auxiliar o indivíduo a lidar com seus conflitos emocionais. Por outro lado, existem algumas situações específicas que requerem avaliação médica e suporte psicofarmacológico.
Diversos protocolos já foram desenvolvidos para melhor orientar este fluxo de encaminhamento ao psiquiatra. No entanto, persistem muitas dúvidas (além de resistência) acerca da busca por esta especialidade médica. Sintetizando estas orientações técnicas, pode-se afirmar que o principal critério para definir a necessidade da consulta psiquiátrica é a avaliação da intensidade do sofrimento emocional e do impacto deste na vida do indivíduo. Portanto, quando há piora progressiva dos sintomas ou ausência de resposta à alguma intervenção, prejuízos na funcionalidade global, desconexão com a realidade, surgimento de riscos para si ou para terceiros é fundamental a avaliação psiquiátrica para estabelecimento de diagnóstico clínico e implementação de tratamento medicamentoso, quando necessário.
Como vem sendo progressivamente demonstrado pela neurociência, diversos quadros psíquicos apresentam forte componente orgânico que, como outras patologias clínicas, exigem farmacoterapia para que tenham alívio ou remissão. Além disto, evidências científicas sólidas apontam que a integração entre tratamento biológico e psicoterápico otimiza o processo terapêutico acelerando a melhora dos sintomas, diminuindo consequências orgânicas, sociais e psicológicas e, principalmente, reduzindo significativamente os índices de suicídio.
É preciso, então, estarmos atentos à piora de quadros como tristeza, ansiedade ou descontrole de impulsos, dentre tantos outros. Os prejuízos nas relações interpessoais ou capacidade laboral também são fortes indícios da presença de patologia psiquiátrica que merece ser avaliada. Desta forma, o tratamento combinado atua através da complementaridade, auxiliando as psicoterapias na complexa tarefa de tratar o sofrimento mental.