Tristeza, vontade de chorar, desesperança e apatia são sensações que todas as pessoas já experimentaram em diversos momentos de suas vidas. Diferente do que possa parecer, é saudável entristecer-se eventualmente. Isto demonstra sensibilidade. No entanto, estas reações emocionais nem sempre surgem de forma reacional, transitória e benigna. Quando a tristeza está associada a outros sintomas, persiste por tempo prolongado e/ou causa algum tipo de prejuízo podemos estar frente a um quadro de depressão.
Assim como a alegria, a raiva, o medo e o asco, a tristeza faz parte dos afetos primordiais do ser humano. As emoções foram sendo selecionadas ao longo da evolução para que o homem pudesse criar mecanismos de adaptação e superação, aprimorando sua convivência em sociedade. Quando o indivíduo sofre uma experiência dolorosa como alguma perda, frustração ou abandono desenvolve este sentimento como resposta natural à adversidade. Esta reação, de origem adaptativa, coloca o indivíduo em contato com memórias emocionais armazenadas, conscientes ou não, que o ajudarão no processamento deste afeto, preparando-o para obstáculos futuros. A infelicidade pode, então, atuar de forma produtiva à medida que ativa a capacidade de reflexão, aceitação e flexibilização emocional do ser humano. Assim, a reconciliação consigo mesmo e com o mundo acontece de forma natural.
Por outro lado, existem situações em que este estado emocional apresenta maior intensidade, tempo de duração e comprometimento orgânico. Em significativa parte das vezes, não se identifica fator desencadeante. Além da tristeza, o quadro compreende outros sintomas que se instalam progressivamente. Choro fácil, diminuição de energia e da vontade de realizar tarefas cotidianas, perda de interesse por atividades previamente prazerosas, alteração de sono e apetite, cansaço, irritabilidade e déficit de atenção são os principais sintomas da depressão. Este quadro sindrômico tem origem multifatorial, apresentações e intensidade diferenciadas necessitando, portanto, avaliação, diagnóstico e acompanhamento especializado. A Depressão Maior é considerada um transtorno mental de alta prevalência na população geral e é uma das enfermidades que mais causa incapacidade e prejuízo no funcionamento global do indivíduo. Além disto, é uma patologia de importante mortalidade uma vez que é considerada uma das principais causas de suicídios no mundo. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), 90% dos casos de suicídios podem ser prevenidos através tratamento adequado. A recomendação atual para quadros depressivos moderados a grave é de acompanhamento combinado, ou seja, psicoterapia associada à farmacoterapia.
Apesar de apresentarem um sentimento incomum, a tristeza e a depressão têm causas, características e consequências distintas. É preciso estar atento aos sintomas específicos de transtorno mental para que o sofrimento comprometedor do indivíduo não seja negligenciado. As duas situações merecem atenção e respeito. No entanto, a tristeza precisa ser enfrentada, vivida e suportada enquanto a depressão precisa ser tratada!