As “Armaduras” na Terapia do Esquema

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O livro O Cavaleiro Preso na Armadura, de Robert Fischer, conta a história de um cavaleiro que se torna obstinado pelo trabalho de salvar donzelas indefesas de dragões malvados. Enquanto está no papel de cavaleiro se sente bom e valoroso, além disso, sua armadura forte, linda e brilhante o deixa mais seguro e confiante, sem nenhum medo ou emoção negativa. Sendo assim, o cavaleiro passou a se dedicar cada vez mais ao trabalho e não retirava mais sua armadura nem mesmo em casa com sua família e amigos, se tornando ausente e distante até mesmo para o filho que já não lembrava do pai sem a armadura. Então, por não conseguir enxergar o rosto e também os sentimentos do marido, chega um dia em que sua esposa exige que a armadura seja retirada, entretanto, ao tentar retirar a roupa de aço, o cavaleiro percebe que não consegue. Ao se dar conta que está preso na armadura e que perderá sua família, o cavaleiro inicia uma longa e difícil trajetória na busca da libertação.

A fábula do cavaleiro preso na armadura pode simbolizar o que Jeffrey Young, autor que desenvolveu a Terapia do Esquema, chama de estratégias de enfrentamento desadaptativas. Tais estratégias são estilos de respostas comportamentais defensivas que as pessoas desenvolvem desde muito cedo em suas vidas para enfrentar emoções intensas e pesadas geradas por experiências nocivas e difíceis para uma criança. No entanto, estas “defesas” acabam, ao longo do tempo, se tornando rígidas e disfuncionais, trazendo prejuízos e problemas para a vida do sujeito. O cavaleiro utilizava estratégias como o trabalho excessivo e a vestimenta de aço linda e brilhante para buscar um valor e força que não acreditava ter. A armadura também lhe protegia de sentir e de expressar emoções o que, para ele, significava fraqueza.

Assim como no livro, a necessidade exagerada de um comportamento defensivo acaba trazendo problemas nos relacionamentos e funcionalidade das pessoas. Desesperado, o personagem percorre um difícil percurso de autoconhecimento, aceitação e questionamentos que lhe permite a libertação da armadura. É possível comparar a trajetória do cavaleiro com o processo terapêutico. A Terapia do Esquema ajuda o paciente a identificar e modificar as estratégias de enfrentamento problemáticas que se perpetuam e se tornam um padrão nocivo na vida da pessoa.

À medida que o cavaleiro vai se conhecendo e entrando em contato com as suas emoções, a armadura vai se desmanchando. Ao final do livro, nosso personagem aprende uma valiosa lição: a armadura não era necessária para que ele tivesse força, valor e amor próprio.

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