O dia dos namorados costuma trazer com ele algumas reflexões e questionamentos. Muitas pessoas sentem dificuldades na busca por relações satisfatórias e, mesmo não querendo, acabam por manter um padrão de solidão, rejeição e/ou abandono. A Terapia do Esquema busca mapear um padrão comum de estratégias automáticas defensivas (utilizadas pelas pessoas nos relacionamentos) que acabam por manter a solidão, mesmo que no fundo haja o desejo de uma relação satisfatória de apoio, aceitação e valorização.
Evitar os relacionamentos íntimos é uma estratégia de enfrentamento que teria como intenção principal a proteção do provável sofrimento causado pelas relações. O indivíduo, por medo da rejeição, desamparo, abandono, abuso, entre outros medos, fecha-se emocionante e foge de relações. Entretanto, mesmo que a intenção seja defender-se de marcas dolorosas da história e memórias de experiências traumáticas de outras relações, o indivíduo revive as dores pelo padrão solitário estabelecido.
Outra estratégia nociva comum é a hipercompensação. Nesse caso, a pessoa tem respostas comportamentais no sentido de impedir que os seus medos se confirmem. Então, o controle, o sufocamento, exigências exageradas do outro e até mesmo abusos são utilizados, tudo para que as frustrações de vivências de insatisfação um dia já sentidas na história de vida não se repitam. Com esse tipo de postura, os outros não conseguem entender, validar e suprir adequadamente suas reais necessidades emocionais. Em muitos casos, essa estratégia afasta as pessoas do convívio e mantém a solidão.
Por último, a resignação a padrões nocivos ou insatisfatórios de relacionamentos pode ser uma estratégia para não sofrer ainda mais, acalmando medos profundos de possíveis retaliações, desamparo e abandono. A busca assertiva por direitos e necessidades reais é temida, pois isso poderia gerar incomodo no outro. Contudo, atitudes complacentes e passivas alimentam a subjugação, insatisfação e sensação de estar sozinho mesmo acompanhado.
O medo de sentir as dores da solidão e das sensações da vulnerabilidade humana aciona defesas que, muitas vezes, ao invés de proteger aumentam a dor. O uso exagerado dessas estratégias de defesa faz o indivíduo perder a oportunidade de viver uma troca emocional saudável e satisfatória.